sábado, 25 de dezembro de 2010

Um dedo de prosa para o recesso


A minha vizinha é uma senhora marcada pelo tempo. Mora só numa área bem bacana. Um quintal farto.

Divide os dias com cães e aves. Ela fica sob a sombra de uma mangueira.  Ao amanhecer  os animais a rodeiam.Tira prosa com todos eles. Sábia senhora. Bichos ao invés de gente.

A mangueira enfeitada de frutos  divide o quintal com um jambeiro, um pé de pitomba  um pé de pupunha e uma árvore que nunca vi os frutos.  

Noite de natal não vi a magra vizinha que sempre traja vestes simples.

No prédio onde moro o corredor não tinha luz. Todos parecem ter fugido para algum lugar.

A vizinhança é tranqüila. Galos levantam a barra do dia. Depois, uma penca de pássaros que não sei identificar enche a manhã.   

Chove nesses dias. A rua vira um rio quando a tempestade é intensa.  Mas, não carrega o barulho do silêncio.

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