sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Alcoa não comparece em debate na Rádio Rural de Santarém

Assim como chegaram os portugueses, ofertando espelhos e outras bugigangas, a Alcoa chegou em Juruti no ano de 2000. Ela oferecia chinelos, camisas e bonés. A empresa explora bauxita no município Juruti, oeste Pará. Para ela não existe populações tradicionais, como a nossa, com mais de cem anos. E muito menos uma floresta densa.

O progresso e empregos é outra promessa. A empresa não reconhece os danos causados em nossas comunidades. Desconsidera que desmatou e ocultou a madeira. Temos fatores de sobra para organizar uma mobilização e reivindicar os nossos direitos. A Alcoa opera de forma ilegal no Pará. A licença é questionada na Justiça desde 2005.

É uma vergonha o estado mandar policiais da tropa de choque jogar bomba de gás lacrimogêneo e gás de pimenta nos verdadeiros donos das terras. E o pior que os PM”s vieram de avião para isso.

Os trechos acima são reflexões realizadas pelo dirigente da Associação de Comunidades Ribeirinhas do Distrito de Juruti Velho (ACORJUV), Gerdeonor Pereira durante entrevista na Rádio Rural de Santarém, num programa de debates coordenado pelo Pe Edilberto Sena, que foi ao ar na manhã de hoje, 13.
Para que a discussão entre as populações atingidas pelo mega-projeto da Alcoa fosse retomada, os ribeirinhos obstruíram vias estratégicas de acesso ao canteiro de obra da empresa no dia 28 de janeiro.

Pereira engrossa o caldo de acusações informando que os advogados da empresa acusaram as populações tradicionais de vândalos e de formação de quadrilha no boletim de ocorrência feito na delegacia de Juruti.

Além do dirigente popular, estiveram no debate representante do Ministério Público Federal (MPF), o técnico Dilaécio e o jornalista da região, Paulo Leandro, que fez a vez de advogado do diabo na defesa da Alcoa. Ainda que convidada, a empresa não enviou representante.

Numa entrevista gravada o titular do MPF Maciel Mesquita reconhece a legitimidade do movimento. O MP teme pela criminalização do movimento por parte da Alcoa. Todos os pleitos do movimento são legítimos.

O técnico do MPF que esteve no debate analisa que o projeto dessa envergadura não pode ser licenciado pelo estado. Outra inquietação levantada é quanto ao código de mineração vigente no país, que data dos tempos da ditadura, que segundo análises tende a proteger a mineradora.

Entre os compromissos firmados durante a semana de debate que envolveu representantes do governo do Pará, Ministérios Públicos Federal e Estadual e os impactados pelo projeto, ficou acertado que até o 15 de abril o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) deverá titular a terra dos ribeirinhos.

A Alcoa se comprometeu em pagar danos e prejuízos provocados e 1.5 de participação do lucro da lavra às populações atingidas pelo projeto a ser administrado pela associação com a supervisão do MPF.

40 bilhões de lucro em 10 anos de operação numa mina considerada de excelente qualidade é a estimativa do faturamento da Alcoa.

Outras tensões espocam na região de velha data, como os impactos provocados pela Mineração Rio do Norte (MRN), da Vale que extrai a bauxita no município de Oriximiná.

Na mesma latitude pretende-se a construção de um mundo de hidrelétricas. Há informações que a MRN encontra-se se expandindo de forma ilegal rumo à localidade conhecida como Terra Santa, quando o aparo de operação a limita a Oriximiná.

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